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SEM CATEQUESE

Por Escola Parque

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O novo artigo da nossa Diretora Pedagógica, Patrícia Lins, começa afirmando: “Escola é onde se aprende que religiões são parte da cultura”. Ela destaca que “reconhecer o papel da religião na História da Humanidade é diferente de ensinar ritos e práticas religiosas às crianças”.

E prossegue seu raciocínio, formulando a pergunta: “Será que é possível uma criança crescer imersa nas raízes judaico-cristãs da História ocidental e não saber quem é Cristo? Mesmo que não pertença a uma família de religião católica? É uma reflexão interessante. Podemos supor que uma criança criada numa família que cumpre os ritos da religião católica terá ouvido falar do personagem mesmo que não compreenda toda a sua significação”. Por outro lado, ela lembra que “uma criança nascida numa família judaica ou praticante de candomblé poderá não fazer a menor ideia”.

Patrícia também afirma que todas as sociedades conhecidas tiveram ou têm religiões, desde a pré-história. É que elas têm sido, ao longo dos tempos, uma interpretação para os fenômenos inexplicáveis da realidade, como o nascimento, a morte, dia, noite, chuva, terremoto, furacões, o lugar da espécie humana no cosmos. Porém, ela aponta que “as explicações variaram no tempo e no espaço e construíram-se diversos sistemas de crenças, conjuntos de valores culturais, práticas rituais, festas, tradições, mitologias que fazem parte do patrimônio material e imaterial das civilizações, regiões e países”. Ela reconhece também que os marcos de identidade religiosa se perpetuam e, até hoje, influenciam o acervo de conhecimento as artes e a tecnologia humanas.

Patrícia, no entanto, relembra que reconhecer o papel da religião na História da Humanidade é diferente de ensinar ritos e práticas religiosas na escola. Para ela, a escola deve continuar laica, gratuita e universal. Ela entende que lá os alunos devem ter contato com o cristianismo, o judaísmo, o hinduísmo, o protestantismo, o candomblé, o budismo, as religiões latino-americanas e mitologias. Até para perceberem suas importantes influências nas diversas civilizações e diferentes culturas regionais e globais. Patrícia considera que cultura é a maneira de viver de uma sociedade. Cultura envolve ainda linguagem, conhecimento, percepções, crenças, atitudes, códigos de comportamentos e leis, transmitidos às novas gerações assim como as artes, padrões sociais, costumes, idiomas, valores, religiões, rituais e tradições.

A História, a herança e a forma como se expressam ideias, segundo Patrícia, são reflexos da cultura de cada sociedade. ‘Existem cinco princípios culturais básicos para medir a qualidade e vitalidade de uma sociedade: valores e crenças, normas, símbolos, linguagem e rituais’. Ela nos recorda que, em 2010, a Unesco incluiu a Cultura como o quarto pilar fundamental para o Desenvolvimento Sustentável, junto aos outros três: o Social, o Econômico e o Ambiental.

Nossa Diretora Pedagógica vai além: “Hoje, como muitas famílias não praticam religiões, muitas crianças não conhecem ritos e histórias sacras e ficam com a liberdade de decidir o que querem mais tarde”. Para ela, isso significa que uma criança pode, sim, não saber sobre personagens religiosos, ritos e crenças. Porém, isso também não impede que elas tenham contato com as religiões na escola, desde que dentro de um contexto cultural amplo da História do Mundo – e não em aulas de Religião.

Patrícia Lins prossegue: “Os alunos vão compreender o papel importante das religiões na trajetória da humanidade, com participação – tanto positiva quanto negativa – nas disputas de poder e forte influência nos destinos políticos dos países, assim como nas artes e nas epistemologias. E vão aprender o mais relevante que é a diversidade humana, as diferentes culturas e, portanto, as muitas formas de viver, de acreditar, de pensar”.

Ela encerra seu artigo nos passando a visão de que é possível estudar História pra ampliar a visão de mundo, desenvolver a tolerância, a empatia, o respeito pela diferença. E vai além: “Ensina a estabelecer relações entre os acontecimentos históricos, sem reduzir a complexidade da cultura humana à Religião”.

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