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Talvez, então, exista mesmo vida fora do nosso planeta. Que adolescente resistiria a um mergulho nessa reflexão?
No seu novo artigo, a nossa Diretora Pedagógica Patrícia Lins relembra sua convivência com o estudo de Química, na escola. “Frequentei aulas de Química na escola, como todos os alunos do meu tempo que seguiam o curso Científico, que correspondia mais ou menos ao Ensino Médio de hoje. A matéria não me atraía.” Ela comenta que, embora se interessasse por genética, por células e átomos, não conseguia estabelecer relação entre a Química, que devia aprender, e os fenômenos do mundo que tanto a cativavam.
“A tabela periódica até hoje me atrai do ponto de vista estético, com os elementos dispostos de um modo que evoca mistério. Jamais consegui equilibrar bem as reações entre um lado e outro dos sinais, o que confesso me frustra até hoje.” . Patrícia reconhece que a chegada da Química Orgânica, com o carbono, despertou sua curiosidade pelas possibilidades de composição e cadeias de elementos. Mas também diz não ter superado o desconforto de não conseguir entender a importância que pressentia que existia ali. “Naquele tempo, o mundo da Química não me acolheu.”, explica.
Anos depois, ela se recorda de ter tido uma boa surpresa. Ela trabalhava como ceramista e precisava cuidar da esmaltação das peças de barro. Os esmaltes, que eram utilizados para cobrir as peças antes de irem ao forno, eram misturas de elementos e compostos químicos. Sílica, feldspato, óxido de zinco, carbonato de cálcio, caulim, quartzo, óxido de titânio, cobalto e muitos outros reapareceram em seu cotidiano e invadiram a sua vida. Observar a relação deles com o barro e o fogo trouxe uma precisão agradável que a estimulou a buscar, na memória, o pouco do que pudesse se lembrar das aulas de Química. “Se eu tivesse conhecido a Química num atelier de cerâmica, nossa relação certamente teria sido outra.”
Mais tarde, ela abandonou a cerâmica, mas a Química voltou a à sua convivência quando leu o livro Poeira Vital, do cientista Christian de Duve, prêmio Nobel de Química, que propõe uma explicação sobre a vida na Terra, desde a sua origem. Segundo ela, o autor faz um relato dos quatro bilhões da história da vida sobre a Terra, desde as biomoléculas até a mente humana, e ainda se arrisca para além dela. O que a impressionou mais é que o cientista trata a vida como um processo natural governado pelas mesmas regras dos processos inorgânicos. Ela conta: “Divide a história da vida em períodos sucessivos de complexidade – a que chama de ‘idades’ – e inicia com a Idade da Química, aspecto universal da vida, sua essência.” Então, de acordo com o pensamento do autor do livro, o desenvolvimento da vida é um processo químico, e a vida deve ser entendida em termos de Química.
“Como não percebi que, naqueles elementos e compostos que se encontravam e desencontravam nas aulas da escola, estavam todos os mistérios e desafios do desenvolvimento da vida?” ela se pergunta.
Ela ainda acrescenta que Christian de Duve demonstrava um certo determinismo no surgimento da vida. Porque ele sugeria que, dadas as mesmas circunstâncias e condições que a produziram, ela aparecerá em qualquer tempo e lugar, necessariamente. Ela comenta, excitada: “Talvez, então, exista mesmo vida fora do nosso planeta. Que adolescente resistiria a um mergulho nessa reflexão?”
Patrícia termina com uma recomendação: “Professores, apresentem a Química pela história da vida! Química é vida, Química é tudo!”