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RETORNO À ESCOLA PRESENCIAL

Por Escola Parque

ARTIGO
Por Marcia Simi, Psicopedagoga e Maria Cristina Carvalho, Psicopedagoga e Diretora Pedagógica de Sede

Quando um inimigo invisível ocupou um espaço de controle em nossas vidas, tirando uma parte de nossa autonomia, me vem à mente a imagem da pausa musical, em que nenhuma nota é tocada, transportando o músico e a plateia ao lugar do silêncio. Nesse espaço, a imaginação pode representar um ensaio da inteligência e o exercício de nossa sensibilidade.

Assim, vivemos por dois anos, experimentando a ¨pausa¨ para dar conta dos ¨ensaios¨ que nunca fizemos. Precisamos responder questões sem respostas, viver momentos nunca vividos, criar espaços de sobrevivência e, sobretudo, escutar os sons dos sentimentos. Para uns, sons agudos, para outros, graves e viver com nossos recursos, tentando não perder a esperança. Aos educadores, mesmo que ela faltasse, tivemos que reinventá-la para incentivar nossas crianças e jovens a ¨esperançar!¨

Nosso mestre, Paulo Freire, nos ensinou que esperançar é construir, levar adiante, é juntar-se com o outro para fazer de outra maneira. Assim seguimos, professores, alunos, educadores, ainda que atravessados por nossas incertezas. Voltamos à escola presencial, trazendo nossas experiências, nossas faltas e, principalmente, nossas dúvidas e surpresas, com grandes chances de se tornarem conflitos. Educadores não deixam de acreditar que escola é espaço de laços restaurativos.

Após esses dois anos, para além de avaliar perdas e ganhos, confirmamos que escola é o lugar de expressão de sentimentos, é heterogeneidade, é escutar e conhecer para nomear o desconhecido, o surpreendente. A volta à escola presencial, da convivência, das experiências de conflitos pedagógicos e relacionais, exacerbados por nossas perdas na socialização e em nossas rotinas procedimentais, que necessitam ser construídas no coletivo, aponta para a criação de novas estratégias nos reconectando aos recursos fundamentais para um processo educativo significativo. Escola é o lugar do encontro!

Para que isso acontecesse, foi necessário ampliar ações que envolvem a reestruturação das relações, dando expressão ao lugar da escola, por meio de rodas de conversas com famílias, alunos, professores e funcionários. Parcerias de toda a comunidade educativa, na vivência do acolhimento, implicam escuta ativa, confiança, empatia e solidariedade. Sozinhos não conseguiremos dar conta do sensível e da heterogeneidade. É na experiência coletiva e na parceria que conseguiremos otimizar nossa escola, para que não se perca o prazer de ser, de estar e de aprender.

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