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Criança é Natureza

Por Patrícia Lins e Silva

As crianças urbanas deixaram de ter acesso à vida ao ar livre, fora de casa, subindo nas árvores, examinando bichos e admirando plantas, brincando de pegar e de esconder. Desapareceu a meninada alegre que corria pelas ruas a descobrir o mundo. Hoje elas estão confinadas a espaços fechados e têm cada vez menos a experiência direta com o mundo natural.

O sintoma atual mais visível de que a correria alegre das crianças pelos parques e ruas é insuficiente é a obesidade. O tempo passado brincando ao ar livre tem forte impacto na saúde. Em 2005, uma pesquisa da American Medical Association mostrou que as crianças ficam mais sagazes, mais empáticas, mais saudáveis e felizes quando podem brincar, livremente, em contato direto com a natureza. Um tempo regular ao ar livre produz melhoras no déficit de atenção e hiperatividade, na aprendizagem, na criatividade e no bem-estar mental, psicológico e emocional.

Nas últimas décadas, muita coisa aconteceu que interferiu na relação das crianças com a natureza. Cresceu o sentimento de insegurança e o receio do trânsito perigoso; as tecnologias da informação atraem para as telas; o tempo da meninada se tornou escasso, pressionado por diversas tarefas.
Médicos, cientistas e educadores alertam para o fato de que o desenvolvimento das crianças e da própria sociedade está sendo afetado por uma “desordem de déficit da natureza”.

É preciso voltar a assegurar o tempo de brincar com os amigos, subir em árvores, construir cavernas, correr atrás de passarinhos, observar sapos e insetos. Ao subir numa árvore ou ao se sujar de lama, a criança aprende a medir riscos e a se responsabilizar por si própria. Ao investigar insetos, bichos e plantas, vivencia seu pertencimento a um sistema complexo de relações naturais. No contato direto com a natureza, as crianças criam seus próprios desafios, se aventuram, avaliam perigos, conhecem suas possibilidades e aprendem o que não pode ser ensinado.

Tags: Infância

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