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Ler para as crianças

Por Patrícia Lins e Silva

Ler livros é uma paixão que se adquire. Pelo exemplo, pelo treinamento, pela obrigação, pelo exercício. Na prática se descobre o encantamento e mergulha-se no fascínio que uma boa história provoca. É preciso ler para descobrir que livros valem a pena.

No mundo atual, com desejos imediatamente satisfeitos (desde o álbum de figurinhas que se deseja até a informação de que se precisa), ler um livro, seja qual for, exige concentração e persistência que parecem difíceis para quem vive em velocidade de banda larga.

Na rapidez do mundo dos computadores, não é fácil persistir na leitura, atividade solitária, demorada na informação e no desfecho. É preciso esperar para saber o que vai acontecer, ou para encontrar o que se quer saber. Não dá para absorver, com uma olhada rápida, uma história inteira.

O leitor destreinado também não consegue perceber a arte da língua escrita. Na verdade, todos os autores clássicos costumam ser rejeitados em todas as idades. A pressa não permite a fruição do bom texto. Apreciar a literatura clássica é para leitores já encantados com as possibilidades da palavra escrita. Para chegar lá, é preciso acostumar-se com o prazer de ler. E é de pequeno que se adquire o encanto com as narrativas.

Para criar leitores, a primeira providência é ter livros em casa, tanto para adultos quanto para as crianças. O adulto que lê livros dá exemplo para os filhos. As conversas cotidianas devem incluir o interesse pelo livro que o filho está lendo e contar sobre o que o adulto está lendo, sempre dentro das possibilidades de compreensão das crianças.

Contar uma história todas as noites ajuda a adquirir o hábito de ler. Ler livros para os filhos pode iniciar uma carreira de leitor. Depois que já sabem ler, é interessante instituir 20 minutos ou meia hora para leitura na cama antes de dormir.

Deixar os livros ao alcance do manuseio é mostrar que o livro é objeto que faz parte do cotidiano, que se espera que seja usado. Uma criança pequena pode rasgar um livro porque ainda não tem destreza para folheá-lo com facilidade, mas o livro não deve ser um fetiche, guardado longe, em estantes altas. Também não deve ser jogado de qualquer maneira. Um livro é para ser usufruído, o que significa ler e/ou olhar as ilustrações quantas vezes se deseje.

A leitura, como a conhecemos, vai mudar muito com o livro eletrônico. Porém, sobreviverá enquanto os homens tiverem histórias para contar. E não existe quem não goste de histórias. Ensinar a gostar de ler livros é uma felicidade que podemos proporcionar a nossos filhos.

Tags: Infância

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