CRISES PROVOCADAS PELA HUMANIDADE.
Artigo Patrícia Lins e Silva (Aquecimento global, biodiversidade e o futuro)
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Texto Blog
Patrícia Lins nos traz um tema de especial relevância para este momento que estamos vivendo. Ela começa por uma observação: “enquanto o Ministério da Educação do governo atual faz de tudo para acabar com o futuro da educação básica e da ciência no Brasil, líderes governamentais, jornalistas, ativistas e celebridades de todo o mundo se reúnem em dois encontros ambientais importantíssimos para o futuro do planeta”.
Patrícia nos mostra como a perda da biodiversidade no mundo e as mudanças climáticas estão intimamente ligadas uma à outra. E que as duas são consequências da ação direta do homem. “Em Glascow, na Escócia, discutiu-se o clima global. Já em Kunming, na China, o foco foi o colapso das espécies e sistemas que sustentam, coletivamente, a vida na Terra”, diz ela.
Para Patrícia, as duas reuniões foram igualmente importantes. Ela cita Hans-Otto Pörtner, biólogo e pesquisador do clima: “as duas crises existenciais que a humanidade provocou no planeta”.
“A crise da biodiversidade é importante não apenas pela questão moral dos humanos de se preocuparem com as outras espécies na Terra, mas também por razões práticas, a começar pelo fato de que as pessoas dependem da natureza para sua sobrevivência”, diz Patrícia em seu artigo, lembrando que é a diversidade de plantas e animais que faz o planeta funcionar. E cita também dados que apontam que um milhão de espécies estão ameaçadas de extinção.
Ela nos explica que a mudança climática é apenas um fator de perda de biodiversidade. “Os humanos vêm destruindo o habitat de diversas espécies com agricultura, mineração e extração de madeira”, denuncia Patrícia. E enumera também as metas apontadas na conferência sobre biodiversidade, ressaltando que algumas delas são concretas e mensuráveis e outras, mais abstratas:
A elaboração de um plano, em toda a terra e águas de cada país, para decidir sobre onde realizar atividades, como agricultura e mineração em áreas intactas.
A garantia de que as espécies selvagens sejam caçadas e pescadas de forma sustentável e segura.
A redução do escoamento agrícola, pesticidas e poluição de plástico.
O uso de ecossistemas para limitar as mudanças climáticas, armazenando o carbono e evitando o aquecimento do planeta.
A redução de subsídios e outros programas financeiros (em, pelo menos, US $ 500 bilhões por ano) que prejudicam a biodiversidade, que é a quantia gasta pelos governos para apoiar combustíveis fósseis e práticas agrícolas, potencialmente, prejudiciais.
A proteção de, pelo menos, 30% das terras e oceanos do planeta até 2030.
Essa última medida, ela nos diz, foi apoiada por ambientalistas e um número crescente de nações e também recebeu a maior atenção e recursos. Segundo ela, “no mês passado, nove grupos filantrópicos doaram US $ 5 bilhões para o esforço, conhecido como 30×30. O famoso biólogo E.O. Wilson, da Universidade de Harvard, disse que espera que 30×30 seja um passo para um dia conservar metade do planeta para a natureza”.
Patrícia lembra ainda que há esperança e preocupação entre os grupos indígenas: “Alguns concordam com a expansão, exigindo um número superior a 30%, enquanto outros temem perder o uso de suas terras, como tem acontecido, historicamente, em diversas áreas reservadas para conservação”.
Por fim, ela aponta uma tensão central que permeia as negociações sobre biodiversidade: queremos fazer apenas um plano de conservação para a natureza ou queremos elaborar um plano para a natureza e as pessoas? Patrícia deixa essa pergunta e afirma que esses serão “os problemas reais das próximas gerações que a escola tem que trazer para discutir com seus alunos”.