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A SURPREENDENTE CAPACIDADE HUMANA DE RECUPERAR O APRENDIZADO.

Por Escola Parque

Artigo por Patrícia Lins e Silva (“Um superpoder humano para recuperar perdas de aprendizagem”)
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A escrita, nos relembra a nossa Diretora Pedagógica Patrícia Lins, é uma tecnologia engenhosa inventada pela espécie humana há apenas uns 5 mil anos. O que, segundo ela afirma, em termos evolutivos, é muito pouco tempo, praticamente uma piscada de olho.

É a partir dessa reflexão que ela afirma: “Nosso cérebro não nasce preparado para ler, muito pelo contrário, ler implica uma operação complexa de atribuir significado a informações visuais, o que requer o trabalho de muitas partes do cérebro.” Patricia  nos fala ainda da “estranheza dessa habilidade se pensarmos que ideias, pensamentos, instruções, informações são transferidas de um cérebro humano para outro através do nervo ótico.”

O que Patrícia quer nos demonstrar é como a aprendizagem da leitura acrescenta novas sinapses ao repertório do nosso cérebro, mudando a estrutura dos circuitos cerebrais e transformando, assim, a natureza do pensamento humano. Como ela afirma: “A transição da oralidade para a escrita muda, fundamentalmente, a forma de pensar e a cultura. A escrita transformou a consciência humana mais do que qualquer outra invenção.”

De acordo com o pensamento de Patrícia Lins, a capacidade da leitura é bem mais complexa do que imaginamos. Nem sequer percebemos que um milagre acontece cada vez que uma criança faz tentativas gaguejadas de corresponder o que  vê aos seus sons. Para ela, “Ler é a capacidade de ler um texto e compreender o que se lê. Ler é significar”. Assim, ela afirma que a leitura é um instrumento fundamental para o desenvolvimento de outras habilidades que resultam em um impacto cognitivo no cérebro. Ela ainda recorre à neurobiologia para exemplificar: a leitura é uma das atividades mais influentes na história genética e intelectual humana”. Ela fala na transformação do mundo do som para o mundo da visão, ao passarmos da oralidade para o letramento, como fator de mudança dos padrões de pensamento e de ampliação da capacidade de abstração. E continua: “Os padrões de pensamento cognitivo entre alfabetizados e analfabetos são bastante diferentes, o que torna a apropriação da escrita uma ferramenta de manutenção de poder.”

Ela ressalta que, “depois que o aluno compreende ‘o quê’ e ‘como’ a escrita comunica a linguagem ou o pensamento, é preciso desenvolver fôlego de leitura, que se adquire lendo”. E aconselha a todos que leiam muito, quanto mais melhor. E avisa: “não é ler porque nossa cultura humanista valoriza um bom leitor, mas porque ler ativa o funcionamento do cérebro e desenvolve a inteligência, o que é uma função da escola.”

Patrícia Lins faz essa reflexão justamente neste momento de lamentável perda de aprendizagem por conta da pandemia. E aponta que “Um recurso de recuperação é certamente o uso insistente da leitura, contextualizada e interessante, como um modo de desenvolver habilidades cognitivas em todas as áreas do conhecimento. Os alunos devem ir à escola para aprender a pensar e não para decorar conteúdos.” Segundo ela, os conteúdos são os fatos e acontecimentos da vida, encontradas nas plataformas de busca ou nas mensagens das mídias. Ela lembra que importa mais a compreensão do que é comunicado, para assim ampliar a capacidade de refletir e pensar. E que interpretar, com clareza, as informações cotidianas são eficiências cognitivas relacionadas à leitura.

Um leitor competente – diz Patrícia Lins - faz, automaticamente, as correspondências entre os sons e significados do sistema de escrita desenvolvido em sua cultura, o que permite que o entendimento do que lê provoque efeito relevante nos processos cognitivos, nos modos de pensamento e na cultura ao longo do tempo.”

Patrícia encerra nos sinalizando que a leitura é um superpoder humano, capaz de causar impacto significativo na cognição e na percepção. Ela  pode levar o leitor a novos conhecimentos e novos questionamentos, assim como a deslocamentos no tempo e no espaço.

E encerra essa reflexão afirmando: “A escrita foi, certamente,  a mais importante entre todas as tecnologias criadas e a que mais pode fundamentar o desenvolvimento cognitivo dos alunos.”

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