leia

A Educação Infantil e a construção da cidadania.

Por Escola Parque

Em seu artigo sobre a importância da Educação Infantil na construção da cidadania, Sonia Barreira, educadora, fundadora da Escola da Vila e diretora pedagógica da Bahema Educação, nos traz uma visão sobre os primeiros anos de vida e a formação de autonomia, espírito crítico e científico. Para ela, é na infância que tudo começa. 

De acordo com o artigo, a educação escolar é um dos agentes mais importantes na constituição do tipo de cidadania que teremos no futuro. Se serão cidadãos conscientes, participativos e comprometidos com o bem comum, depende muito de suas vivências escolares.

A falta que a escola faz

Para a autora, é bastante preocupante a falta que a escola vem fazendo na vida das crianças e jovens, neste mais de um ano de aulas a distância, ou híbridas, que podem acarretar sérias defasagens de aprendizagem. Ela  ressalta a percepção social de que as consequências da falta da escola serão mais amplas e severas do que as defasagens nos resultados das aprendizagens de Matemática e Português.

De acordo com a autora, comportamentos futuros, como falta de ética ou intolerância, certamente serão frutos da falta de experiências coletivas escolares bem conduzidas. Para ela, o papel das escolas não se limita à formação acadêmica e técnica, e vai muito além das disciplinas. 

Competências para o século 21

Assim, ela entende que as competências, para viver em um mundo totalmente complexo e desafiador como o do século 21, dependem diretamente do processo de escolarização. E que um ensino mecânico, transmissivo e repetitivo estará sujeito a ser substituído por uma educação integral, com um projeto formativo amplo e focado no desenvolvimento de competências igualmente complexas. 

Sonia Barreira acredita que o desenvolvimento da autonomia começa na infância. E que é por meio de pequenas ações independentes que se desenvolve, na criança, a autoconfiança e a autoimagem positiva. Essas são qualidades fundamentais para a formação de um pensamento crítico e científico, em vez de uma visão parcial e sensível às pós-verdades tão presentes, atualmente, nos discursos públicos. Ela acredita que é a curiosidade que impulsiona a busca pelo entendimento do mundo e que esse interesse é natural nos primeiros anos de vida, e que precisa ser estimulado em um ambiente adequado para resultar em uma compreensão mais clara dos fenômenos sociais, naturais ou tecnológicos. Sem desenvolver esse discernimento, a capacidade de resolver problemas complexos e compreender a produção científica arrojada do século 21 fica comprometida. 

Portanto, é fundamental que a escola estimule e sustente a curiosidade latente. E que as famílias alimentem e apoiem essa característica da criança. Mas é, essencialmente, na escola que isso pode ser garantido.

A formação do pensamento democrático

A capacidade de dialogar e de respeitar a diversidade é inaugurada nos anos iniciais de socialização, o que acontece exatamente na escola. E que surge do estranhamento causado por ser “um entre outros”: ter que dividir, aguardar sua vez e entender os pontos de vista diferentes do seu. A autora aponta que, a partir dos conflitos, nasce a reflexão, o conhecimento, a tolerância e a compreensão das normas de convivência. E é esse processo que evolui para formar a base para a cidadania e para os valores democráticos.

Ampliação da base cultural

Na visão de Sonia Barreira, a escola ainda constrói o conhecimento e desenvolve uma sólida bagagem cultural. E esse processo se inicia quando os pequenos começam a compreender que a língua falada pode ser escrita. E que os livros oferecem outros lugares, outras pessoas e outros acontecimentos que encantam, assustam e surpreendem. É quando começam a se envolver em descobertas fantásticas, sobre o funcionamento das coisas, e começam a se sentir atraídos pelo desconhecido. Aprender a aprender é fruto de um processo cuidadosamente planejado pelos educadores e educadoras.

A construção do cidadão participativo e solidário 

É também na infância que surgem os processos de autoconhecimento, fundamentais para o domínio das emoções e identificação dos sentimentos. Assim a criança adquire a bagagem necessária para uma vida adulta sadia, ética e íntegra. Dessa forma, ao desenhar o seu próprio destino, ela vai participar, ativamente, da construção de uma sociedade mais justa, democrática e solidária. E garantir isso é papel das famílias, sim. Mas é no contexto coletivo da escola que essas construções fundamentais vão ocorrer.

Tags: Educação, Educação Infantil, cidadania, artigo, construção cidadania, base cultural, pensamento democrático, construção do cidadão, Sonia Barreira, Bahema Educação