“Todo homem, por natureza, deseja aprender”
Aristóteles
Segundo a nossa Diretora Pedagógica, Patrícia Lins e Silva, deveríamos acreditar no que dizia o sábio e oferecer aos alunos essa oportunidade. Ela relata que, nos seus dois anos finais na escola, achava a rotina das aulas absurda, sem graça, sem sentido. Ela conta: “O conhecimento que me interessava discutir raramente sincronizava com o que a escola propunha.” E faz algumas exceções, citando alguns professores que, excepcionalmente, se preocupavam em relacionar o que ensinavam com a nossa vida contemporânea. E afirma que, por isso mesmo, eles costumavam ser os mais admirados.
E prossegue seu relato: “O horário das aulas também me parecia insensato, uma em seguida da outra, sem relação entre elas, como se o cérebro ligasse em Geografia para desligar 50 minutos depois e religar em Matemática nos seguintes 50 minutos, e o liga-e-desliga se repetia durante todo o ano letivo.”
Ela relembra que, mesmo que houvesse alguma relação entre as áreas de conhecimento, não se falava disso. “Se em História ouvíamos sobre a origem do mundo e em Geografia também, alguns alunos saíam pensando que o mundo tinha duas origens e não apenas uma contada de pontos de vista diferentes. Mas quem vai discutir com a escola?” Segundo Patrícia Lins, a escola tem suas idiossincrasias. Assim, os adultos decidem, e os alunos acham que é assim estranho mesmo.
“Certamente tudo mudou muito desde que eu era jovem” ela reconhece. E explica que, naquele tempo, a instituição escolar era mesmo bastante ortodoxa. “Apesar de Anísio Teixeira já ter assinado, junto com Fernando de Azevedo e outros diversos intelectuais, o Manifesto da Educação Nova”, ela ressalva.
E propõe uma reflexão rápida sobre o professor na sala de aula hoje, principalmente os de Fundamental 2 e Ensino Médio. Ela aponta que a maioria, certamente, se indaga sobre a função do professor. Eles se questionam sobre como apoiar a aprendizagem de seus alunos e o que fazer com seu conhecimento. Ela diz que o assunto sempre merece reflexão. “Até porque o mundo muda cada vez mais depressa, e os alunos mudam junto.”
Ela ainda faz as seguintes perguntas: “Como um professor se prepara, em 2022, para dar aulas para esses jovens cada vez mais diferentes do que eles, professores, foram? Como lidar com uma geração que nasceu imersa na tecnologia digital e, como diz Howard Gardner, pensa que, se não existe um app para aquela coisa, então ela não existe? De que habilidades e capacidades essa geração vai precisar para viver num mundo muito diferente daquele de antes das tecnologias da informação e de antes da Pandemia? Para funcionar, a sociedade da tecnologia vai precisar de que tipo de pessoas? Como mostrar para os alunos os encantos do conhecimento no mundo da correria e variedade do tiktok?”
Ela acredita que o primeiro objetivo do professor é encantar o aluno com o conhecimento. E que, quando frequentou uma faculdade, o professor escolheu alguma área que o interessava mais do que as outras. Além disso, ele deve ter se encantado, muitas vezes, com os saberes aprendidos naqueles anos de academia. Porém, ela se pergunta: “Será que transmite seu encanto para os alunos? Eles percebem seu interesse por sua área?” Patrícia acredita que ser professor não obriga ninguém a ser um repetidor de conteúdo. Pelo contrário, ele deve ser uma pessoa desejante e inteligente, como seus alunos. Porque, para ela, todos estão ali pelo conhecimento “que deve ser interessante a ponto de mudar a maneira de ver o mundo.”