Blog Escola Parque

As próximas gerações de brasileiros precisam gritar bem alto:

Escrito por Escola Parque | Dec 3, 2021 8:43:04 PM

“Não mexa com meu futuro!”

Artigo Patrícia Lins e Silva (“Não mexa no meu futuro!”)
Leia mais em: https://vejario.abril.com.br/blog/patricia-lins-silva/futuro-meio-ambiente-educacao/

Para Patrícia Lins, em seu artigo desta semana, os jovens precisarão lutar pela preservação do ambiente, pelas condições de vida e pelo direito a uma educação de qualidade. Não será uma tarefa simples.

Nossa Diretora Pedagógica comenta que, na conferência de cúpula sobre o clima, reuniram-se 130 presidentes e primeiros-ministros com a idade média de 60 anos e que menos de 10 eram mulheres. A educadora lembra o contraste dos acontecimentos na conferência com os protestos nas ruas de milhares de pessoas lideradas por jovens ativistas do clima, que acusavam os líderes mundiais de desperdiçar o pouco tempo que resta para salvar seu futuro. O ritmo de uns pareceu bem lento aos outros.

Patrícia aponta que a indignação com a lentidão das ações, para preservar o ambiente, vem, principalmente, de jovens e de mulheres. E que, infelizmente, quem tem o poder de decidir sobre o aquecimento do planeta nas próximas décadas são, em sua grande maioria, homens já idosos. Essa divisão, segundo Patrícia, só deverá crescer no futuro próximo, porque os dois lados têm opiniões muito divergentes não só em relação aos objetivos da cúpula como também quanto à noção de tempo.

Os líderes estabelecem metas para 2030, e até metas para 2060 e 2070. Já os ativistas pedem mudanças já, imediatas, agora. Eles reivindicam que os países parem de usar combustíveis fósseis imediatamente e reparem os danos climáticos sentidos em todos os cantos do globo. Ela ressalta ainda que os efeitos atingem, especialmente, as pessoas mais vulneráveis no Sul Global. Para essas pessoas, alertam os ativistas, meados do século é uma eternidade.

É aí que Patrícia Lins acusa o grande abismo que se abre entre as gerações do movimento climático. Uma diferença acentuada pelo tempo: os líderes mundiais se reúnem para decidir as mudanças necessárias desde antes do nascimento da maioria dos jovens manifestantes. E pior: até agora sem resultados.

Os cientistas, lembra Patrícia, preveem menos de uma década para o corte drástico das emissões de gases, a fim de que as piores consequências climáticas sejam evitadas. Desde a primeira cúpula internacional do clima lá pelos idos de 1994, as emissões causadoras do aquecimento global aumentaram drasticamente. Os manifestantes, atentos, cobram providências, de olho no calendário.

Para Patrícia, os líderes mundiais mostraram-se sensíveis às críticas e elogiaram a preocupação dos jovens. Mas com uma certa ansiedade, porque, afinal, esses ativistas jovens são também eleitores, e a ação climática emerge como uma importante questão eleitoral. Enfim, Patrícia conclui: “os chefes de estado e de governo discursaram esta semana e garantiram aos participantes que tinham ouvido as demandas da juventude”.

Ela lembra que os organizadores da conferência até incluíram jovens palestrantes no programa oficial. Inclusive uma jovem de 24 anos, das Filipinas, que afirmou que se eles estivessem realmente ouvindo “estariam priorizando as pessoas em vez do lucro”. Segundo ela, outro jovem apontou a “dissonância cognitiva”, alegando que enquanto os ativistas esperavam “compromissos sérios na COP26, sobre financiamento para mitigação do clima, os que foram firmados “não são fortes o suficiente”.

Assim, Patrícia Lins nos mostra que existe uma grande diferença na forma como os líderes e os jovens ativistas veem a cúpula. Nem todos. Ela lembra que John Kerry, o enviado dos EUA, de 77 anos, ficou maravilhado com o progresso porque percebeu “um senso de urgência maior nesta COP”. E que ele reconheceu a complexidade das negociações globais, com diplomatas a tentar elaborar regras para o comércio global de carbono e a discutir como atender as demandas de reparações de países que não desempenharam nenhum papel na criação do problema climático, mas que sofrem seus efeitos mais agudos.

Patrícia afirma que, na cúpula, as ações são divididas em áreas distintas, o que dilui as necessidades e queixas dos países pobres, para os quais a mudança climática é uma ameaça urgente. E que, assim, a adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças de clima ficam na dependência do apoio dos países ricos, que emitem a maior parte dos gases de efeito estufa. Ela encerra nos lembrando de que o sucesso nessas providências pelo clima, assim como o fracasso, será de todos.